quarta-feira, 16 de julho de 2008

Vou contar um pouco de mim para vcs. Estava pensando um pouco sobre minha vida e percebi que alguns anos atrás cometi erros que hj não cometo mais. Um deles é aprisionando minha alma em pensamentos negativo. Viajei pela minha infância e adolescência, recordei fatos triste. Humilhação que sofri na escola, na família por me acharem feia. Apelidos que machucaram minha alma. Fui construindo cada vez mais pensamentos negativos sobre mim mesma. Não lidei com eles, fui aprisionando meus sentimentos, de culpa, de inferioridade, de vergonha, de incapacidade, de raiva, ..., tantos outros.

Meu final de adolescência foi melhor, fiz verdadeiras amizades que tenho até hj e descobrir que não era inferior a ninguém. Mas, foi bem complicada no relacionamento que tive com a minha mãe. Não me dava bem com ela de jeito algum, hj com a maturidade entendo ela melhor.

Um relacionamento muito complicado, sou filha única e de pais separados e ela me sufocava com mil e uma cobranças. Ela não viveu a vida dela ela viveu a minha até o dia que não permiti mais. O nível de cobrança era tão grande que lembro que quando tirava nota 9 na escola aquilo para mim era o fim do mundo, ouvir da minha mãe: vê se estuda mais!. Não podia cometer erros, eu exigia de mim mesma ser perfeita. Tanta idioti-se! Queria ser perfeita e competia com minha mãe o tempo todo.

Entrei na faculdade no 1 vestibular que fiz (Pedagogia) escolhi pedagogia porque não só gosto de criança, mas hoje vejo que escolhi pedagogia porque sendo professora poderia defender todas as crianças que são motivo de charcotas dentro de uma sala de aula . Seria uma forma inconsciente eu acho de fazer justiça e de imaginar que poderia acabar com alguns sentimentos que habitava em mim. Lembro da 1 vez, que um menino chamou uma menina de feia e 4 olho dentro da sala de aula. Briguei com ele, coloquei de castigo e por fim, só faltei chorar.

Estudei muito durante a faculdade minhas notas eram super altas e sempre passava direto. Lembro que qdo havia prova que estudava tanto, mas tanto, que não conseguia dormir a noite. Quando tirava um 8 ou 9 aquilo para mim era como eu estivesse fracassado. Para mim não existia meio terno. A ansiedade foi crescendo cada vez mais dentro de mim. Conheci meu marido . Nossa agora iria ser uma pessoa realizada, pois na minha cabeça por ser uma boa aluna e com as notas que tinha, quando saísse da faculdade não teria dificuldades em arrumar emprego e com uma pessoa ao meu lado, meu marido, meu amor tudo ia dar certo. Eu não sabia que para ser feliz precisa primeiramente ser feliz comigo mesma.
Bom, como é de se imaginar as coisas não aconteceram como eu pensei. Não consegui emprego porque não tinha nenhuma experiência na área. Fiquei super depressiva e aqueles milhares de sentimentos guardados vieram a tona. Comecei a engordar e engordar, a comer igual uma louca. Afinal vamos comer, para tampar o que não queremos enfrentar ou lidar! Fui construindo a figura de pessoas fraca, indecisa e sem iniciativa que falei anteriormente a vcs. Fiquei uns 2 anos ou mais nessa depre danada. Meu marido coitado me aguentou ! RSSS. Era vitima do mundo e queria ser vitima, gostava da figura de ser vitima, afinal se você é vitima vc só precisa esperar alguém tomar uma atitude em seu favor, alguém que queria fazer justiça e nada é a sua culpa, afinal você é vitima ou não é!?. Até que um dia percebi que a depre estava fazendo comigo e reagi. Decidi começar a fazer o curso de cabeleireiro e arrumei logo um emprego em uma salão. Depois fui dar aula, passei e um concurso público de professor .
Não parei de comer porque os sentimentos que guardei da infância foi alimentados durante minha depressão na fase adulta e não sabia lidar com eles. Assim foi, fui tornando obesa e quando a depre vinha eu comia e por alguns minutos o problema era resolvido. Não desenvolvi minha inteligência emocional para lidar com eles.
Hoje o que carrego dessa minha história?! Que destino dou para meus conflitos? Carrego deles a experiência e o crescimento como pessoa que eles me proporcionaram. Não fico mais alimentando sentimentos negativos, não fico aprisionando-os em minha alma. Não fico repetindo ideias negativas para mim. Hoje faço isto por mim mesma, quando eles batem na minha porta lido com eles e não permito que eles me atinjam como antes. Faço porque hoje nenhum problema é maior que meu amor por mim mesma.
A cada dia que passo, sinto que estou aprendendo a gerenciar meus pensamentos e navegar na águas da emoção. Ainda tenho muito que aprender e quero aprender mais e mais. Hoje quero ser autor da minha própria história e não mais vitima dela.
Quero agradecer a cada visita de vcs e recadinho que deixam e dizer que este meu espaço de reflexão e desabafo esta sendo muito bom para mim. Bjs !!!

2 comentários:

Silmara Sanro disse...

Elaine, quando li seu post tive a sensação de que tinha sido escrito por mim. Tivemos uma trajetória muito parecida, em relação aos sentimentos da infância, as amizades da adolêscencia, as descobertas desse período, o fato de ser filha única de pais separados, a cobrança por parte da mãe, a necessidade de estar sempre no topo,tirando as melhores notas. Quando eu não estava bem, não me sentia capaz de fazer algo, minha mãe não entendia, achava que era frescura, afinal eu sempre fazia tudo certinho, era uma barra lidar com a cobrança de todos ao meu redor, até hj é assim, todos esperam o meu melhor.
Também tive depressão, fiz tratamento 2 anos e parei, mas sinto que estou precisando voltar, dessa vez com terapia, não só com medicamentos.
Acredito que escolhi Pedagogia pelo mesmo motivo que vc, trabalhei em uma escola com alunos carentes que sofriam muito,(era um contrato de trabalho da prefeitura com a faculdade) tanto o preconceito na escola como em casa, era cada caso de arrepiar os cabelos, eu me envolvi tanto com eles, pois eram crianças que tinham total confiança em mim,tudo que acontecia com eles, eles sentiam necessidade de me contar, tive até que reservar uma parte da aula para isso, era um grupo de 14 alunos de reforço escolar de Língua Portuguesa e 14 de Matemática, de 2ª e 3ª série, eu tive que trabalhar com a auto-estima deles, pois todos na escola os tinham como fracassados, só de pensar me dá uma saudade daquelas crianças, com eles eu revivi muitos sentimentos e situações da infância.
Agora estou na fase de prestar concursos e me virar com outra coisa enquanto não consigo emprego fixo´na minha área.
Não sou casada, troco o marido no seu caso pelo namorado na minha trajetória. Meu namorado veio sacudir a minha vida, tive vários conflitos internos por causa dele, eu sempre gostei de me esconder atrás de roupas largas, cabelo preso, um batom básico e nada demais, quando mais sem graça melhor, ele me despertou para as cores, roupas que me valorizam, maquiagem,cuidados com a saúde e uma porção de coisas a mais, no início eu fui muito resistente, eu não queria mudar, não queria aparecer, tanto que não continuei namorando com ele, mas acabei voltando, pois entendi que ele queria o meu bem, ele acreditou em mim, hj estou umas passadas a frente nesse sentido e está contribuindo para a elevação da minha auto-estima.
Gostei muito dessa sua reflexão, principalmente porque, apesar de tudo, vc hj conseguiu dar a volta por cima, se sente uma pessoa melhor, sei que não é fácil ser assim o tempo todo, mas percebo que vc já melhorou muito, eu estou na fase reflexiva, me permitindo entender os porquês, relatos como esse que vc postou me ajudam muito, pois antes de criar o blog eu jamais tinha me permitido refletir sobre tais assuntos pessoais, que me geram tanta ansiedade, eu achava que simplesmente eram coisas do passado, hj leio tanta coisa de pessoas que já passaram por muitas das coisas que eu passei e estão refletindo sobre isso, realmente está sendo muito importante. ufa...me empolguei, rsrs..Obrigada pela sua contribuição. Abs.

Anônimo disse...

Muito legal conhecer um pouco da sua história! Caramba, as vezes demoramos tanto para perceber que sentir-se vítima vai nos transformando em vítimas mesmo...

Uma vez disse para minha irmã: "Tá bom, você sofreu quando era criança e indefesa... mas e agora que é uma mulher adulta e forte? Vai continuar se martirizando? Agora se alguém te maltratar você pode dar o troco!" E ela disse, pois é... agora sou bem crescidinha...

Eu demorei também para perceber que "a vida era minha"... e ainda fico de bobeira as vezes... vou te contar um negócio:

Ontem meu marido estava com ciúmes porque eu estava na internet, e ele gostava que eu ficasse vendo TV e comendo com ele... pois daí arrumou um motivo para dizer que eu estava tempo demais no computador... eu fiquei chateada e ia dormir... mas daí pensei: "peraí... o tempo é meu, o computador é meu, a vida é minha, eu escolho como gastar, e ficar na internet não é pior do que tomar cerveja vendo futebol e eu nunca o impedi de fazer isso"... daí coloquei meus tenis e ia caminhar para a academia... no fim ele mudou de tom, me levou e ficou um amor o resto do dia...

Somos nós que definimos os limites, nós decidimos o quanto alguém pode nos fazer sofrer...

beijos amiga!